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Expressionismo, macrovb.


vb. criado em 17/02/2014, 13h59m.

O expressionismo não é um dos muitos "ismos" da arte moderna, mas uma tendência permanente, que se manifesta sobretudo em épocas de crise. Alguns historiadores da arte afirmam que o norte sempre foi expressionista enquanto o sul é clássico por vocação.
Conceito geral. O expressionismo se caracteriza pela constância das deformações anatômicas na representação das figuras humanas e o pathos expressionista leva os artistas a um relacionamento constante com o "feio", aproximando-os do horror, do fantástico e do demoníaco. Pode-se estabelecer uma linha de comportamento expressionista que abrange manifestações pré-históricas, românticas, góticas e barrocas, incluindo, no século XX, várias tendências vanguardistas. Em todas essas tendências e épocas, manifesta-se uma crise espiritual pelo grito, pelo horror, pelo apelo ou renúncia, pelo protesto. No século XX, manifestamente de crise em todos os setores, o expressionismo teria que encontrar terreno propício.
Expressionismo no século XX. Em sentido estrito, chama-se expressionismo um movimento que se desenvolveu, sobretudo na Alemanha, em fases diferentes, entre 1905 e o final da década de 1920. Depois, seus representantes foram perseguidos pelos nazistas, que qualificaram as obras expressionistas de "arte degenerada".
O desejo de subjetividade constituía a base da estética expressionista, materializada tanto nas artes plásticas como na literatura e na música. Na pintura, o expressionismo surgiu como reação ao impressionismo e à visão objetiva da natureza. Os pintores expressionistas defendiam uma visão mais subjetiva, uma interpretação pessoal e apaixonada daquilo que a natureza lhes sugeria. "Expressão" se opunha, portanto, a "impressão".
Rejeitando os valores da sociedade burguesa e o conceito tradicional de beleza, os expressionistas fizeram de sua arte um instrumento de crítica político-social, deformando as figuras para delas extrair uma visão crua e pessoal da realidade, com ênfase na solidão, na dor e nos horrores da guerra.
As culturas primitivas lhes proporcionaram um modelo para a renovação artística, baseada no poder da intuição e da criatividade sem freios. Receberam também a influência de alguns pintores pós-impressionistas, como Vincent van Gogh, e de seus contemporâneos fauvistas. Interessaram-se, ainda, pelos desenhos infantis e pela arte dos doentes mentais, por serem manifestações espontâneas, não sujeitas à aprendizagem acadêmica.
As diversas fases do expressionismo acusam notáveis diferenças. Seus precursores - Edvard Munch, James Ensor e Georges Rouault - nenhuma relação tinham entre si, mas coincidiam pela forma subjetiva e patética de expressar a realidade.
Die Brücke e Der Blaue Reiter. A primeira geração expressionista alemã compunha-se de dois grupos: Die Brücke (A Ponte), formado em Dresden em 1905, e Der Blaue Reiter (O Cavaleiro Azul), constituído em Munique em 1911. O pioneiro era composto por Ernst Ludwig Kirchner, Fritz Bleyl, Erich Heckel e Karl Schmidt-Rottluff, estudantes de arquitetura que abriram um ateliê, onde recuperaram a técnica alemã da xilogravura, influenciando o traçado do desenho e a pintura, com suas pinceladas incisivas e quebradas. O termo Brücke, com o qual se designou o grupo, simbolizava a união entre diversos setores revolucionários.
Em 1906 uniram-se ao núcleo principal Emil Nolde e Max Pechstein e, no mesmo ano, organizou-se a primeira exposição coletiva. Os quadros, geralmente paisagens e figuras, apresentavam uma técnica de espessos empastamentos e evidenciavam contatos com o fauvismo e o cubismo. O grupo dissolveu-se em 1913.
Der Blaue Reiter formou-se pela associação dos russos Vassili Kandinski e Alexei von Javlenski, dos alemães Gabriele Münter e Franz Marc e do suíço Paul Klee. Munique, cenário de intensa atividade artística desde o fim do século XIX, tornou-se então a capital européia da arte. Os membros do grupo editaram um almanaque com gravuras e textos sobre estética, organizaram exposições de artistas alemães e estrangeiros e rejeitaram a estética impressionista. Mergulharam, sobretudo, na subjetividade humana, e deram a sua arte um teor mais puramente artístico, menos comprometido com a temática político-social.
A busca de conteúdos espirituais fundamentou a obra de Kandinski, artista cujo mérito foi inaugurar a abstração pictórica, estética que teve grande êxito nos anos posteriores. Em contrapartida, para Franz Marc - autor, por exemplo, de "Pferd in einer Landschaft" (1910; "Cavalo numa paisagem") - a pureza das formas se condensava na imagem do animal, cuja energia e natureza ele se propunha captar através do simbolismo da cor.
Depois da primeira guerra mundial, um novo movimento, Neue Sachlichkeit (Nova Objetividade), retomou a estética expressionista, com um tom agressivo e crítico. Em diversos países europeus surgiram também artistas expressionistas, como o tcheco Oscar Kokoschka e o lituano Chaim Soutine.
Expressionismo em outros campos artísticos. O expressionismo não foi uma tendência unicamente plástica, mas abarcou outros campos, como o literário, graças à revista berlinense Der Sturm (A Tempestade); o cinematográfico, com diretores como Robert Wiene, F. W. Murnau e Fritz Lang; o musical, com o compositor Arnold Schoenberg; e o teatral, impulsionado por Fritz von Unruh, Carl Sternheim ou Reinhard Sorge.
O expressionismo foi, pois, uma intensa busca da expressão dos próprios conflitos e paixões de seus adeptos. Mesmo praticamente obliterado pela perseguição nazista, sua influência ainda assim se fez sentir em manifestações artísticas posteriores.
Expressionismo abstrato. Os ideais do expressionismo alemão primitivo inspiraram também um movimento artístico que teve grande projeção nos Estados Unidos após a segunda guerra mundial. O estilo dos artistas enfeixados na designação "expressionismo abstrato" diferiam entre si, mas tinham em comum a rejeição dos valores estéticos e sociais tradicionais e a busca de uma expressão livre, espontânea e pessoal.
Enquadraram-se nesse movimento geral diversas correntes, como a pintura de ação (action painting) de Jackson Pollock e Willem de Kooning ou o chamado impressionismo abstrato de Philip Guston. Robert Motherwell imprimiu ao expressionismo abstrato uma orientação mais intelectual e controlada, criando imagens abstratas de grande nitidez ou pinturas de "cor pura" em superfícies amplas; esse caminho foi trilhado por Mark Rothko e outros. Alguns expressionistas abstratos, como Arshile Gorky, que procedia do surrealismo europeu, mantiveram-se fora dessas tendências predominantes.
Expressionismo literário. Como corrente literária, o expressionismo começou na Alemanha antes de 1914 e durou até cerca da metade da década de 1920. Desenvolveu-se paralelamente ao futurismo na Itália, influenciando os movimentos modernistas de todo o mundo. Em literatura, o expressionismo inverte o processo do impressionismo: em vez de mover-se de fora para o centro, nela a inspiração caminha do espírito do escritor para o mundo exterior.
O expressionismo encerra um estado de desespero, e apresenta a sociedade, o governo, a religião, o homem, em situação caótica. O estilo é explosivo e errático, não descritivo, acentuando o dinamismo e o êxtase. August Strindberg foi um precursor no século XIX. Figuras destacadas do movimento no século XX foram Franz Werfel, Franz Kafka, René Schickele, Kasimir Edschmid, Reinhard Sorge, Walter Hasenclever, Fritz von Unruh, Pär Lagerkvist e Georg Kaiser, poetas, ficcionistas e dramaturgos.
Abstracionismo; Ensor, James; Kandinski, Vassili; Klee, Paul; Munch, Edvard; Nolde, Emil; Pollock, Jackson; Rouault, Georges

f.: Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda.
ENCYCLOPAEDIA V. 51-0 (11/04/2016, 10h24m.), com 2567 verbetes e 2173 imagens.
INI | ROL | IGC | DSÍ | FDL | NAR | RAO | IRE | GLO | MIT | MET | PHI | PSI | ART | HIS | ???